Telas, infância e adolescência: navegando relações complexas sem moralismos
- Vinícius R. de Oliveira
- 20 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: 23 de jul.

Estamos vivendo uma época de intenso debate sobre o uso de telas na infância. Diversos países já implementaram legislações específicas limitando o acesso de crianças e adolescentes às redes sociais - a Austrália proibiu o uso para menores de 16 anos, estados americanos como Utah e Ohio seguiram caminhos similares, e no Brasil tramita o PL 2.628/2022 que visa proibir contas em redes sociais para menores de 12 anos.
Mas será que estamos fazendo as perguntas certas? Ou estaríamos reagindo ao novo com o velho pânico moral que sempre acompanha mudanças tecnológicas?
Para além da nostalgia: o mundo mudou
É preciso reconhecer uma realidade incômoda: não adianta sermos saudosistas e querermos que as crianças "voltem às ruas para brincar com bola de gude". A organização urbana atual é drasticamente diferente da de algumas décadas atrás e não propicia mais os mesmos usos dos espaços.
As crianças de hoje vivem em apartamentos menores, com regras condominiais restritivas, em cidades menos caminháveis e com dinâmicas familiares completamente transformadas. O espaço de sociabilidade se deslocou, e os jovens se adaptaram, criando novas formas de estar juntos, de criar vínculos, de compartilhar experiências.
Quando um adulto diz que uma amizade formada num jogo online "não é real", ele está negando a experiência vivida dessas crianças e jovens. Para eles, aquela conversa com alguém do outro lado do mundo sobre um anime é tão real quanto qualquer conversa presencial.
A gigantesca contradição dos adultos
Um dos aspectos mais reveladores dessa discussão emerge no consultório: quando crianças são criticadas pelos pais por "não lerem nada, só ficarem no celular", muitas vezes respondem com precisão cirúrgica: "você também não lê nada e reclama de mim!".
Essa "cutucada" revela uma hipocrisia fundamental. Os adultos estão todos perdidos nas mesmas lógicas viciantes: compulsões alimentares, casas de apostas online, compras por impulso, maratona de séries. Milhões de pessoas constroem dívidas a partir do mesmo princípio - dificuldade de autocontrole diante de sistemas projetados para capturar atenção.
Se os adultos, “totalmente desenvolvidos”, estão sucumbindo a esses sistemas, que chance tem uma criança de 8 anos? Talvez seja mais fácil regulamentar o uso infantil do que confrontar nossos próprios padrões.
Educação digital: o foco que falta
Em vez de proibição, precisamos pensar em educação digital. A internet e a inteligência artificial representam bibliotecas inteiras ao alcance da mão. O que antigamente fazíamos recorrendo a enciclopédias, dicionários e gramáticas, hoje fazemos no celular ou tablet.
Quando enquadramos a questão como educação digital, o foco sai da proibição e vai para conscientização. É ensinar a criança a ser protagonista da sua relação com a tecnologia, não vítima dela. Isso inclui:
• Distinguir fontes confiáveis de informação
• Entender como algoritmos funcionam e podem influenciar o que vemos
• Desenvolver autocontrole sobre o tempo de uso
• Usar tecnologia para criar, não apenas consumir
• Compreender questões de privacidade e segurança digital
O desperdício educacional
Infelizmente, as escolas estão desperdiçando espetacularmente o potencial educativo da tecnologia. No máximo vemos algumas aulas de robótica, uso de tablets no lugar do caderno de papel, e apps para comunicação administrativa. É como possuir recursos ilimitados e aplicar um uso mínimo.
O potencial é absurdo: simulações interativas para entender conceitos abstratos, colaboração em tempo real com estudantes de outros países, criação de conteúdo multimídia, programação como forma de desenvolver pensamento lógico, análise de dados reais para projetos de pesquisa...
Mas isso exigiria uma transformação muito mais profunda na forma como pensamos educação - algo que as instituições parecem resistir sistematicamente.
A curiosidade como motor
Quando a tecnologia funciona de verdade para a aprendizagem, ela surge da curiosidade genuína da pessoa, não de uma imposição curricular. O adolescente que se apaixona por mangás e resolve aprender japonês no Duolingo está fazendo uma conexão orgânica entre interesse pessoal e ferramenta digital.
Esses jovens estão intuitivamente fazendo o que deveria ser o ideal da educação digital: usando a tecnologia para expandir seus horizontes a partir de interesses genuínos. Eles estão sendo curadores ativos da própria aprendizagem.
Um jovem em Recife pode mergulhar na literatura francesa ou na cultura japonesa de forma autodidata. Isso não é uma distração - é uma expansão de mundo.
A patologização da adaptação
Vivemos uma contradição devastadora: criamos um mundo que exige atenção fragmentada, multitasking constante, respostas imediatas - e depois patologizamos quem se adapta a essas demandas.
A criança que consegue alternar rapidamente entre diferentes estímulos, que processa informações de forma não-linear, que mantém várias "janelas abertas" mentalmente, pode estar desenvolvendo competências que o mercado de trabalho vai cobrar dela.
É como se estivéssemos criando uma sociedade TDAH e depois nos assustando com o resultado. O cérebro é um voraz consumidor de inputs e está sempre se adaptando ao ambiente. Se o ambiente mudou para ser mais rápido, fragmentado e multitarefa, é natural que os cérebros em desenvolvimento se moldem para isso.
O desafio das certezas institucionais
Quando se cria um consenso entre escola e medicina, com laudos, diagnósticos e protocolos, qualquer questionamento vira quase heresia. A complexidade da experiência humana fica reduzida a um código do CID e um receituário.
Essa rigidez institucional acaba impedindo justamente o que deveria ser o foco: entender aquela criança específica, naquele contexto específico, com aquela família específica. Em vez disso, ela vira um "caso" que deve se encaixar no protocolo.
Repensando o debate
Talvez precisemos sair da lógica do pânico moral e das soluções simplistas. As telas não são inimigas nem salvadoras - são ferramentas. O problema não está na tecnologia em si, mas em como ela é usada e, principalmente, em como falhamos em preparar as pessoas para usá-la de forma consciente e produtiva.
O que está em jogo não é proteger as crianças de um mundo digital, mas prepará-las para navegar nele com autonomia, senso crítico e criatividade. Isso exige uma mudança profunda não apenas na educação, mas na forma como nós, adultos, nos relacionamos com a tecnologia.
Afinal, como vamos ensinar algo que nós mesmos não dominamos e tememos?
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